| Entre as expressões do primarismo, no mercado   das   paixões humanas, destaca-se com realce a violência, espalhando angústia e   dor.  Remanescente dos instintos agressivos, ela estiola as mais formosas   florações   da vida, estabelecendo o caos.  Em onda volumosa arrasa, deixando destroços por onde passa,   alucinada.  * Na raiz da violência encontra-se a falta de desenvolvimento do senso   moral,   que o espírito aprimora através da educação, do exercício dos valores   éticos,   da amplitude de consciência.  Atavismo cruel, demora de ser transformada em ação edificante, face   às suas   vinculações com os reflexos instintivos do período animal, que se   prolongam,   perturbadores.  Não apenas gera aflição, quando desencadeada, como também provoca   reações   equivalentes em sucessão quase incontrolável, arrebentando tudo quanto   se lhe   opõe no percurso destrutivo.  Todo o empenho em favor da preservação dos valores morais deve ser   colocado   a serviço da paz, como antídoto à força devastadora da violência.  * Pequenos exercícios de autocontrole terminam por criar hábitos de   não-violência.  Disciplinas mentais e silêncios fortalecidos pela confiança em Deus   geram   a harmonia que impede a instalação desse desequilíbrio.  Atividades de amor, visando o bem e o progresso da criatura humana e   da sociedade,   constituem patamar de resistência às investidas dessa agressividade.  Reflexões em torno dos deveres morais produzem a conscientização do   bem,   gerando o clima que preserva os sentimentos da fraternidade.  A violência é adversária do processo de evolução, fomentadora da   loucura.   Quem lhe tomba nas garras exaure-se, e, sem forças, termina no abismo do   auto-aniquilamento   ou do assassínio...  * A violência disfarça-se no lar, quando os cônjuges não respeitam os   espaços,   os direitos que lhes cabem reciprocamente;  quando os filhos se sentem preteridos por falsos valores do trabalho,   do   dinheiro, do poder...  Na sociedade, quando os preços escorcham os necessitados;  quando os interesses pessoais extrapolam os seus limites e perturbam   os outros;  quando a comodidade e os prazeres de alguns agridem os compromissos e   os   comportamentos alheios;  quando as injustiças sociais estiolam os fracos a benefício dos   fortes aparentes;  quando os sentimentos inferiores da maledicência, da calúnia, da   inveja,   da traição, do suborno de qualquer tipo, da hipocrisia, disseminam suas   infelizes   sementes;  quando os pendores asselvajados não encontram orientação;  quando as ilusões e fugas, os vícios e aliciamentos levam às drogas,   ao sexo   desvairado, às ambições absurdas, explodindo nas ruas do mundo e   invadindo os   lares;  quando os governantes perdem a dignidade e estimulam a prevalência da   ignorância,   provocando guerras nacionais e internacionais...  A violência, de qualquer natureza, é atraso moral, síndrome do   primitivismo   humano remanescente.  * O homem e a mulher estão fadados à paz, à glória estelar.  Assim, liberta-te daqueles remanescentes agressivos que terminam   insuflando-te   reações infelizes.  Se te compraz ainda mantê-los, tem a coragem de te violentares,   superando-os   ou domando-os, e contribuirás para o apressar do progresso humano.  Como não te é lícito conivir com o erro, ensina pela retidão os   mecanismos   da felicidade, evitando a ira, a cólera, o ódio.  A ira é fagulha que ateia o fogo da violência. A cólera é combustível   que   a mantém, e o ódio é labareda que a amplia.  Pensa em Jesus, e, em qualquer circunstância, interroga-te como Ele   agiria,   se estivesse no teu lugar. Tentando-o, lograrás imitá-lO, fazendo como   Ele,   sem nenhuma violência.  |