João Felício

Éramos nove irmãos. Viemos da Espanha para o Brasil em 1879 e eu estava com dez anos de idade. Imigramos no nordeste da Bahia.

Como o mais velho da família, tive que ajudar nas despesas da casa, trabalhando com vendas de verduras e frutas, e nas horas vagas engraxava sapatos em uma pracinha que lá existia. O meu pai trabalhava como caixeiro em um armazém, cujo dono, Senhor Bartolomeu, ajudou-me bastante, pois custeou os meus estudos.

Mais adiante, quando terminava o primário, fui matriculado no Liceu, onde concluí o colegial (ginasial). Nesta época, eu já estava em Salvador. Com muito esforço, dei continuidade aos meus estudos. No Curso de Direito conheci um amigo com o nome de Joel, ele me estendeu as mãos quando mais precisava naquele momento, convidando-me a morar nos fundos de sua casa, para que eu pudesse me ver livre do aluguel e custear melhor meus estudos.

Conhecendo melhor a família de Joel, descobri que eram espíritas. Fiquei feliz e me sentia em casa , participava do culto no lar, o qual eu achava maravilhoso, começando a interessar bastante pela Doutrina. O referido irmão me sugeriu ler o Evangelho Segundo o Espiritismo , que o devorei noite adentro; comecei a freqüentar a Instituição Espírita A Caminho da Luz, a qual não existe mais, ficava perto de onde morávamos; participava do grupo de jovens com toda a alegria e lá me apelidaram de João Cigano. 

Depois de uma participação na Casa Espírita com todo o meu empenho, deram-me a incumbência da presidência. Fiquei assustado com a responsabilidade pois o Presidente da Casa Espírita na época estava com a idade avançada, e eu disse a mim mesmo e também aqueles que ali trabalhavam "posso levar, mas peço apoio de todos da Casa e quando errar podem me alertar", e aí trabalhei durante seis anos sem interrupção até que a Assembléia da Casa decidiu indicar outro.

Neste processo conheci uma pessoa com a qual me casei, em 1905. Ela se chamava Maria Augusta Damasceno Felício. Tivemos três filhos: Jorge Luís Damasceno Felício, Antônio José Damasceno Felício e Luísa Damasceno Felício. 

Tive a vontade enorme de fazer o Curso de Medicina, mas a esposa achou fora de época. Eu disse a ela: "se você me der forças, eu vou conseguir" e concluí o Curso. Mas a minha aptidão maior era para o Direito e a Medicina era para atender os mais carentes.

Vivemos muito felizes, graças à Deus e a luta continuou. Fui contraído por uma enfermidade na área cardíaca, cardiopatia crônica, pela qual vim desencarnar em 03/02/1936.

Passei pelo processo de "hierarquia no plano espiritual" para chegar na equipe de Dr. Bezerra. Trabalho onde for necessário (na Instituição Abrigo da Luz Bezerra de Menezes, Cantinho de Jesus e outras atividades). 

Obs: João Felício o qual estudamos neste momento não é o mesmo espírito que coordena a Mocidade do Grupo de Fraternidade Espírita Albino Teixeira.

Fonte: Biografia narrada diretamente pelo espírito de João Felício.

 



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