Alfredo Molinaro

Nasceu aos 26 de outubro de 1908, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro e desencarnou em 21 de julho de 1967. Filho de D. Maria Perrota e Salvador Molinaro, ambos de nacionalidade italiana. Cedo terminou o curso ginasial, matriculando-se na Escola Militar a 1º de abril de 1927, donde saiu Aspirante em 1932. A 19 de agosto de 1933 era  promovido ao posto de 1º Tenente, casando-se no dia 28 de novembro desse mesmo ano, com a jovem Dulce Costa Ferreira. 

De formação católica, a religião de seus pais, porém, não o satisfazia e, ainda como aspirante, procurou freqüentar algumas sessões espíritas a título de curiosidade, levado por alguns colegas, sem contudo encontrar nada de novo, não era aquilo que procurava. Em 1938, foi promovido a Capitão; em 1946, a Major; em 1951, a  Tenente-Coronel e, finalmente, em 1958, ao posto de Coronel, final de sua carreira militar na ativa. Sua situação, como militar, foi das mais  brilhantes e convém notar que a partir do posto de Capitão, todas as suas promoções foram por merecimento. 

Em 1961, pediu transferência para a reserva, recebendo duas promoções a que tinha direito, foi a General de Divisão e condecorado com as três medalhas por tempo de serviço: bronze, prata e outro e ainda as medalhas  do Pacificador e do Mérito Militar. Em 1944, começou a freqüentar uma sessão espirita, dirigida por D. Dinorah Simas Enéias, a famosa médium desenhista , no Grupo Espírita “Casa de Ismael” no bairro da Tijuca. Ali começou a se desenvolver como médium psicógrafo, recebendo várias mensagens que o abalaram profundamente, passando daí a estudar ardorosamente a Doutrina codificada por Allan Kardec. 

Inteligência privilegiada e estudioso, entusiasmou-se de tal maneira que não parou mais, lendo com avidez toda a bibliografia espírita e todos os seus autores, aprofundando-se no assunto de que já estava convicto. Com sua maneira prodigiosa de pesquisador, assimilava tudo com a maior facilidade. Em 1953, foi escolhido e nomeado Chefe da Missão Militar Brasileira no Paraguai, chefiando 15 oficiais de várias armas. Destacou-se pelo seu brilhantismo e entusiasmo e foi agraciado com a medalha da Cavalaria Paraguaia e com a Ordem Nacional del Mérito no grau de Grã-Oficial, quando o comum seria receber apenas o de Comendador. Em 1947, foi servir em Juiz de Fora no Estado de Minas Gerais e lá começou a freqüentar uma sessão no “Grupo de Efeitos Físicos Hadaget”, observando a seriedade dos trabalhos produzidos por aquele grupo, tornou-se assíduo freqüentador, chegando mais tarde a ser eleito seu Presidente por  unanimidade de votos, pelo espírito de trabalho e seu ardor nos estudos ali realizados. 

No campo da divulgação da Doutrina, salientou-se na luta iniciando um programa de conferências doutrinárias em várias cidades e Estados do Brasil. Seareiro invulgar, pôs o seu cabedal intelectual a serviço da causa, que tanto amou. Participou de numerosas Semanas Espíritas, interessado também no setor da Evangelização da criança e das Mocidades Espíritas, muito contribuiu nesse trabalho. Seu amor pela Doutrina era ilimitado, divulgando-a por todos os meios e  formas, quer através da imprensa falada, escrita ou televisionada, quer através do seu verbo fácil, na oratória, na polêmica ou no debate, com grande satisfação colaborava em qualquer atividade onde fosse solicitado, inclusive fazendo-o até financeiramente, custeando viagens de companheiros conferencistas que não dispunham de meios, trazendo-os ou levando-os a outras cidades. 

Formou biblioteca respeitável com obras raras, ávido de conhecimento e saber, era propagandista do livro espírita e da boa leitura a fim de que todos pudessem ilustrar-se e adquirir conhecimentos. Espírito combativo, kardequiano intransigente, não admitia que se considerasse Allan Kardec ultrapassado, conhecia toda obra do Mestre profundamente e era capaz de dizer na íntegra qualquer pergunta do “Livro dos Espíritos” ou outra obra qualquer da codificação.  Por várias vezes assumiu a tribuna em defesa da Doutrina. Certa vez um padre católico estava fazendo uma campanha contra o Espiritismo pela Rádio Juiz de Fora e ele, ao tomar conhecimento do fato, foi á Rádio e frente ao microfone refutou com base tudo aquilo que o sacerdote dizia, deixando-o sem argumentos. 

Elementos do clero de Juiz de Fora queixaram-se ao Comandante da 4ª Região Militar, vindo uma petição contra ele para o Estado-Maior, no Rio, porém, pelo seu conceito e integridade nas fileiras do Exército, quiseram arquivar a parte, no entanto, ele fez questão que prosseguisse, a fim de haver um esclarecimento, a bem da verdade, e poder publicamente defender a Doutrina que esposava, se ela continuasse a ser vilmente desrespeitada como estava sendo feito naquela cidade através de uma estação de Rádio, infelizmente só não o fazendo, pela condição de oficial das Forças  Armadas, em face da Constituição Federal, que o impedia dessa defesa pública. 

No Rio, juntamente com o Dr. Carlos Imbassahy, Deolindo Amorim, José Alberto Menezes e outros companheiros, enfrentou a televisão para também defender a Doutrina Espírita, atacada pelo Padre Quevedo, que assim encontrou idealistas não menos inteligentes que, à luz da verdade, puseram por terra os seus argumentos. Assim era Molinaro, inteligente, culto, modesto, meditador, porém intransigente na defesa do Espiritismo.