TUDO É OBSESSÃO?

Victor Manoel Ventura Seco

Será mesmo que tudo é obsessão? Uma doença imprevista. Um acidente de carro. Uma discussão familiar. Uma dificuldade financeira. Será tudo obsessão? Uma briga de casal. Uma maledicência na casa espírita. Um parente se envolvendo com drogas. A vizinha foi agredida pelo marido. Aquela falta de energia na segunda-feira de manhã. Será mesmo que é obsessão? Minha samambaia secou, meu peixinho do aquário morreu, meu gato engasgou, meu cachorro adoeceu. Acho que foi um obsessor desencarnado, que projetou fluídos maléficos no peixinho que eu tanto adorava, só para que ele morresse e provocasse depressão em mim. É..., esse obsessor está querendo me desequilibrar mesmo! Mas, será mesmo que tudo é obsessão?  Ah! Espere um pouco!  Isso é um exagero ! Isso já é demais! Claro que existem obsessões, mas achar que tudo é obsessão não é ser espírita, é ser neurótico! É ser fanático religioso! É interpretar tudo que acontece pela ótica restrita do espiritismo! É ter pensamento fixo. Isso sim é, na verdade, criar uma auto-obsessão. Todo neurótico, precisa sim é de um bom tratamento para se curar! Está bem. Concordo. Mas, antes do tratamento faço a seguinte proposta: vamos estudar um pouco juntos?  Sem querer esgotar o tema, quem sabe os esclarecimentos trazidos pela doutrina espírita, nos auxilie, proporcionando um melhor entendimento. Se, desejamos saber se tudo é obsessão ou não, vamos começar pelo começo? O que é obsessão? Qual o conceito? O Codificador nos esclarece no Evangelho Segundo o Espiritismo:   
O codificador nos esclarece no Evangelho Segundo o Espiritismo:
A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Oblitera todas as faculdades mediúnicas; traduz-se, na mediunidade escrevente, pela obstinação de um Espírito em se manifestar, com exclusão de todos os outros.(1)

Fica claro que a obsessão é exercida por um Espírito mau (leia-se e entenda-se: ainda transitoriamente inferior, um Espírito ignorante, pois ignora o que é o bem), geralmente desencarnado, com persistência, com uma graduação muito ampla, desde uma simples influência moral até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.

Mas, de que forma é realizada essa influenciação moral?

Na questão 456 do LE nos ensinam, que os Espíritos desencarnados podem ver tudo que fazemos, desde que prestem atenção, e que constantemente nos rodeiam.  Na LE 457 afirmam que os Espíritos conhecem nossos mais secretos pensamentos e atos, e quando nos achamos sozinhos é comum termos uma multidão de Espíritos que nos observam. Na LE 459 afirmam que os Espíritos influem em nossos pensamentos e atos mais frequentemente do que imaginamos , que de ordinário são eles que nos dirigem. E na LE 460 confirmam, que frequentemente sofremos, no mesmo instante, influência dos pensamentos dos Espíritos e que esses pensamentos, não raro, contrários uns aos outros (pensamentos do bem e do mal) estão mesclados em nossas mentes, com os nossos próprios pensamentos.

Pelo que nos foi ensinado no Livro dos Espíritos, nas perguntas acima citadas, fica evidente que, desde a influenciação moral simples até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais, e toda a sua graduação intermediária, apresentadas por Kardec no conceito de obsessão, ambas se efetivam por influenciação constante do pensamento do obsessor sobre o pensamento do obsediado. Pensamentos estes que induzem o obsediado á desvios morais e as ações conseqüentes desses desvios, pensamentos, que tem por objetivo a perturbação da harmonia do corpo e da mente do obsidiado.

Fazendo uma analogia, a obsessão é como uma guerra constante entre o bem o e mal, cujo campo de batalha é a nossa mente.  Os lances dessa guerra se expressam pelos pensamentos, articulados pelo Espírito de cada um de nós, que utilizando do livre-arbítrio que possui, conduz á responsabilidade dos pensamentos, decisões e atos. 

Desde o momento em que Deus nos criou, simples e ignorantes (LE 115), somos seres pensantes. Não há um só momento nas vinte e quatro horas do dia, e em todos os dias de nossa vida, em que nosso Espírito não esteja pensando. Nossa alma é um Espírito que pensa (LE 460). Desde o momento em que alcançamos, através da evolução, a consciência de nós próprios, acessamos o livre arbítrio de nossos pensamentos e atos. Para que o livre arbítrio seja perfeito não há nenhuma influência que sobrepuja a outra, nem do bem sobre o mal, e nem do mal sobre o bem. Ou seja, há um equilíbrio de influências para que o Espírito possa realmente decidir por sua livre vontade (LE 122) e assim ser o único responsável pelos seus atos. Kardec questiona na (LE 122 a e b):

  • Donde vêm as influências que sobre ele se exercem?

“Dos Espíritos imperfeitos, que procuram apoderar-se dele, dominá-lo, e que rejubilam com o fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de Satanás.”

  • Tal influência só se exerce sobre o Espírito em sua origem?

“Acompanha-o na sua vida de Espírito, até que haja conseguido tanto império sobre si mesmo, que os maus desistem de obsidiá-lo.”(2)

É curioso observar, como alguns trabalhadores e dirigentes espíritas, apesar de tantas leituras e estudos, pensam que estão imunes ás obsessões. Acreditam que são imunes as influenciações espirituais dos Espíritos imperfeitos. Argumentam que o trabalho diário na casa espírita, seja no passe, na orientação, na exposição do evangelho, na desobsessão, na assistência social, nas visitas aos hospitais, creches, asilos, seja em favelas, enfim, todas as ações de caridade verdadeira, criam uma aura de proteção tão intensa e ampla que se torna impossível uma obsessão. Sim, é verdade que temos proteção espiritual intensa e ampla. Sim, é verdade que atraímos os bons Espíritos, e que a presença deles afasta a presença dos Espíritos  inferiores. Sim, é verdade que, quando estamos em trabalho ativo e sincero na Seara do Mestre Jesus, estamos com o nosso pensamento equilibrado, e sintonizado com os benfeitores espirituais, e que isso afasta os maus pensamentos que possam nos ser sugeridos pelos obsessores. Mas, será que possuímos integralmente esse controle do pensamento nas vinte e quatro horas do dia? Será que esquecemos que somos espíritos imperfeitos caminhando na longa estrada da evolução, e que nossas imperfeições atraem constantemente os espíritos que possuem afinidade vibratória conosco? Será que já conseguimos “tanto império sobre nos mesmos, que os maus desistiram de nos  obsidiar”? (LE 122 b). Será que já podemos dispensar o “Orai e Vigiai” ? 

Alguns argumentam que os Espíritos inferiores ficam isolados e restritos, apenas aos locais onde são atraídos por pessoas com a mesma afinidade moral, com a mesma afinidade de pensamentos e de ações. Mas, qual é a afinidade moral da grande maioria dos habitantes de nosso planeta? Kardec nos esclarece esse ponto com muita sabedoria.

“Os Espíritos maus pululam em torno da Terra, em virtude da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja que eles desenvolvem faz parte dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão, como as enfermidades e todas as tribulações da vida, deve ser considerada prova ou expiação e como tal aceita.” (1).

Muitos de nós esquecemos, que no decorrer de nossa encarnação aqui na Terra, estamos expiando débitos passados e sendo provados de diversas formas, no trabalho, na família, na sociedade, nas relações afetivas, e também em nossas tarefas no campo religioso.

Sujeitos á influenciação espiritual negativa, aos ataques espirituais, enfim, sujeitos á obsessão estamos todos nós. Caminheiros da evolução. Combates espirituais entre o bem e o mal são travados por todos nós, nos diversos estágios evolutivos. Até os Espíritos mais elevados enfrentam os de menor elevação no transcorrer de suas missões, para implantação do bem no universo. Emmanuel pondera sobre a intensa batalha espiritual que o Divino Mestre travou contra os inimigos de seu Evangelho:  

“Esquecem-se, no entanto, de que a vida de Jesus, na Terra, foi uma batalha constante e silenciosa contra obsessões, obsidiados e obsessores.
O   combate começa no alvorecer do apostolado divino.
Depois da resplendente consagração na manjedoura, o  Mestre encontra o primeiro grande obsidiado na pessoa de Herodes, que decreta a matança de pequeninos, com o     objetivo de aniquilá-lo.(4)

Sujeitos ás tentações e ás obsessões também estiveram os apóstolos, Espíritos escolhidos antes de reencarnar para a missão maravilhosa de divulgar o Evangelho de Jesus ao mundo. Espíritos, que com certeza possuíam a fé viva e operante, que possuíam um a ligação especial com o Mestre dos Mestres, mas, acima de tudo, ainda eram Espíritos imperfeitos, sujeitos ás tentações, provações e expiações que são necessárias á evolução de todos nós. Emmanuel apresenta-nos as seguintes ponderações. 

“Entre os que lhe comungam a estrada, surgem obses­sões e psicoses diversas.
Maria de Magdala, que se faria a mensageira da res­surreição, fora vitima de entidades perversas.
Pedro sofria de obsessão periódica.
Judas era enceguecido em obsessão fulminante.
Caifás mostrava-se paranóico.
Pilatos tinha crises de medo.
No dia da crucificação, vemos o Senhor rodeado por obsessões de todos os tipos, a ponto de ser considerado, pela multidão, inferior a Barrabás, malfeitor e obsesso vulgar.
E, por último, como se quisesse deliberadamente le­gar-nos preciosa lição de caridade para com os alienados mentais, declarados ou não, que enxameiam no mundo, o Divino Amigo prefere partir da Terra na intimidade de dois ladrões, que a Ciência de hoje classificaria por clep­tomaníacos pertinazes”.(5)

Sabemos que somos Espíritos imortais, seres milenares e que já passamos por numerosas reencarnações (LE 169 e LE 196), acumulando no nosso patrimônio espiritual vitórias e derrotas, vencendo ou sucumbindo ás provas que estivemos submetidos. Natural entendermos, portanto, que somos todos devedores espirituais acumulando erros e mais erros cometidos nessas numerosas encarnações.

Reforçando esse conceito André Luiz nos ensina harmoniosamente:

“Todos possuímos desafetos de existências passadas, e, no estágio de evolução em que ainda respiramos, atraímos a presença de entidades menos evolvidas, que se nos ajustam ao clima do pensamento, prejudicando, não raro, involun­tariamente, as nossas disposições e possibilida­des de aproveitamento da vida e do tempo.”(6)

“Todos os encarnados são médiuns e antigos devedores uns dos outros”(7)

E Emmanuel também apresenta-nos sabiamente algumas passagens com esse ensinamento:

“Contra o nosso anseio de claridade, temos milê­nios de sombra. Antepondo-se-nos à mais humilde aspiração de crescer no bem, vigoram os séculos em que nos comprazíamos no mal.”(8)
“Para todos nós, que temos errado infinitamente, no caminho longo dos séculos, chega sempre um minuto em que suspiramos, ansiosos, pela mudança de vida, fatigados de nossas próprias obsessões” (9)

É difícil para todos nós, após anos e anos de atuação no estudo e na prática da caridade, compreendermos e aceitarmos que somos imperfeitos e devedores do passado, enfim, que somos Espíritos obsidiados. Porque as obsessões encontram guarida nas nossas imperfeições e em nossos débitos do passado como pondera Kardec na seguinte passagem:

“Do mesmo modo que as doenças resultam das imperfeições físicas, que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral, que dá acesso a um Espírito mau. A causas físicas se opõem forças físicas; a uma causa moral, tem-se de opor uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para o livrar do obsessor, sem recorrer a terceiros.”(1)

Essa conscientização, apesar de necessária e salutar, a princípio abala a nossa auto-estima, trazendo uma sensação interior de desconforto. A maioria de nós prefere, então, negar essa realidade, mantendo uma auto-imagem irreal ligada á santidade. É mais cômodo se achar santo do que se conscientizar do contrário, e ter que se esforçar na prática da reforma íntima.

Apesar do problema grave da obsessão, apresentado por Kardec como “o maior escolho na prática do Espiritismo”(10), Deus sabiamente nos concedeu também as ferramentas da terapêutica espírita para o seu controle, o remédio ao lado da doença. Entre elas a prece, o passe, o estudo, a orientação, a explanação do evangelho, a mediunidade com Jesus, a prática da caridade em todas as suas formas, e a ferramenta mais específica que é a sessão de desobsessão. Em todas essas atividades recebemos apoio do plano espiritual superior. Eliminando fluídos negativos e recebendo fluídos positivos. Recebemos orientações benfazejas que irão substituir em nossas mentes idéias malfazejas, idéias que habitam nossas mentes há séculos. Que nós próprios criamos (auto obsessão) e, assim, estabelecemos um elo de simpatia com os Espíritos inferiores, ou idéias que foram introduzidas (obsessão) habilmente em nossas mentes, de forma sutil e gradativa, por obsessores especializados.

Todas as ferramentas da terapêutica espírita objetivam nos dar apoio e forças para que possamos executar a nossa reforma íntima, criando assim, uma aura de proteção contra a obsessão.

“ Entre os escolhos que apresenta a prática do Espiritismo, cumpre se coloque na primeira linha a obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas.
Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar.(10)

Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso auxiliar de quem haja de atuar sobre o Espírito obsessor.(1)

É por esse motivo, de que devemos nos proteger contra as obsessões, que André Luiz nos ensina com muita seriedade, sobre o dever de cada Casa Espírita possuir um Grupo de Desobsessão para essa terapêutica:

“Cada templo espírita deve e precisa possuir a sua equipe de servidores da desobsessão, quando não seja destinada a socorrer as vítimas da desorientação espiri­tual que lhe rondam as portas, para defesa e conserva­ção de si mesma.”(11)

Bem, agora que demos uma pequena pincelada no conceito da obsessão vamos retornar a um dos questionamentos apresentados no início deste artigo, e atribuídos a uma pessoa supostamente neurótica e fanática em espiritismo.

“Minha samambaia secou, meu peixinho do aquário morreu, meu gato engasgou, meu cachorro adoeceu. Acho que foi um obsessor desencarnado, que projetou fluídos maléficos no peixinho que eu tanto adorava, só para que ele morresse e provocasse depressão em mim.”

Será mesmo possível que obsessores manipulem fluídos e os projetem em pessoas e animais provocando doenças e até, em casos mais graves, conduzindo á morte do corpo físico?  Vamos analisar usando como subsídio duas passagens da literatura espírita. Uma relatando a projeção de fluídos negativos e outra a projeção de fluídos positivos.

Primeiro vamos para a projeção de fluídos negativos. No Livro “Libertação” Capítulo 9 – “Perseguidores Invisíveis”(15) André Luiz e Gúbio disfarçados acompanham Saldanha (chefe dos obsessores):

“— A jovem senhora vai cedendo, devagari­nho — esclareceu a singular personagem, indicando-nos vasto corredor atulhado de substâncias fluídicas detestáveis.

Acompanhou-nos, um tanto solícito, mas des­confiado, e, em seguida a breve pausa, deixou-nos livre a entrada da grande câmara de casal.

A manhã resplandecia, lá fora, e o sol visitava o quarto, através da vidraça cristalina.

Mulher ainda moça, mostrando extrema pali­dez nas linhas nobres do semblante digno, entregava-se a tormentosa meditação.
Compreendi que atingíramos a intimidade de Margarida, a obsidiada que o nosso orientador se propunha socorrer.

Dois desencarnados, de horrível aspecto fisio­nômico, inclinavam-se, confiantes e dominadores, sobre o busto da enferma, submetendo-a a compli­cada operação magnética. Essa particularidade do quadro ambiente dava para espantar. No entanto, meu assombro foi muito mais longe, quando con­centrei todo o meu potencial de atenção na cabeça da jovem singularmente abatida. Interpenetrando a matéria espessa da cabeceira em que descansava, surgiam algumas dezenas de “corpos ovóides”, de vários tamanhos e de cor plúmbea, assemelhando-se a grandes sementes vivas, atadas ao cérebro da paciente através de fios sutilíssimos, cuidadosa­mente dispostos na medula alongada.

A obra dos perseguidores desencarnados era meticulosa, cruel.

Margarida, pelo corpo perispirítico, jazia abso­lutamente presa, não só aos truculentos perturbadores que a assediavam, mas também à vasta fa­lange de entidades inconscientes, que se caracteri­zavam pelo veículo mental, a se lhe apropriarem das forças, vampirizando-a em processo intensivo.

Em verdade, já observara, por mim, grande quantidade de casos violentos de obsessão, mas sem­pre dirigidos por paixões fulminatórias. Entretan­to, ali verificava o cerco tecnicamente organizado.”(15)

Agora vamos para a projeção de fluídos positivos. No “Livro dos Médiuns” de Allan Kardec - Cap. 22 – item 236 (3), há uma comunicação muito interessante do Espírito Erasto para esclarecer os participantes de uma discussão ocorrida na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que teve como tema a “Mediunidade nos Animais”.

“O Sr. T..., diz-se, magnetizou o seu cão. A que resultado chegou? Matou-o, porquanto o infeliz animal morreu, depois de haver caído numa espécie de atonia, de langor, conseqüentes à sua magnetização. Com efeito, saturando-o de um fluido haurido numa essência superior à essência especial da sua natureza de cão, ele o esmagou, agindo sobre o animal à semelhança do raio, ainda que mais lentamente. Assim, pois, como não há assimilação possível entre o nosso perispírito e o envoltório fluídico dos animais, propriamente ditos, aniquila-los-íamos instantaneamente, se os mediunizássemos”.(3)

Agora, após a leitura e estudo dessas duas passagens proponho á todos, as seguintes reflexões.
1 – Se obsessores organizados, podem provocar doenças através da projeção de fluídos maléficos em pessoas, porque não poderiam fazer isso em animais ou plantas? Como a samambaia, o peixinho do aquário, o gato, o cachorro, etc.?
2 – Se o Sr. T., por descuido e ignorância, projetou fluídos, ainda que positivos em excesso, saturando o seu cão e o levando á morte, porque obsessores organizados não poderiam fazer o mesmo com plantas e animais como um peixinho de aquário, objetivando provocar depressão no dono do peixinho?
Mas, antes da de responder a si mesmo estas duas questões, proponho a leitura de algumas das inúmeras passagens na literatura espírita para enriquecer e aprofundar nosso estudo.
Emmanuel no livro “Seara dos médiuns, expõe alguns tipos de obsessão relatadas em passagens do Evangelho, sem contar muitas outras relatadas em sua extensa obra literária.

“Nos versículos 33 a 35, do capitulo 4, no Evangelho de Lucas... Temos aí a obsessão direta.”
“Nos versículos 2 a 13, do capitulo 5, no Evangelho de Marcos...Temos aí a obsessão, seguida de possessão e vam­pirismo”.
“Nos versículos 32 e 33, do capitulo 9, no Evangelho de Mateus... Temos aí a obsessão complexa, atingindo alma e corpo.”
“No versículo 2, do capitulo 13, no Evangelho de João... Temos aí a obsessão indireta, em que a vitima padece influência aviltante, sem perder a própria responsabi­lidade.”
“Nos versículos 5 a 7, do capítulo 8, nos Atos dos Após­tolos... Temos aí a obsessão coletiva, gerando moléstias-fantasmas.(12)

 André Luiz, também nos auxilia com uma relação extensa de tipos de obsessão. Veja abaixo, a relação extraída do livro “Prontuário de André Luiz” de Ney da Silva Pinheiro, um excelente trabalho de catalogação das obras de André Luiz, editado pelo Instituto de Difusão Espírita (13)

  • Obsessão de nascituros (embriões e fetos);
  • Obsessão e aborto;
  • Obsessão durante o sono;
  • Obsessão e alcoolismo;
  • Obsessão e animismo;
  • Obsessão e complexo de culpa;
  • Obsessão e desenvolvimento mental da humanidade;
  • Obsessão e espiritismo;
  • Obsessão e figuras demoníacas;
  • Obsessão e loucura;
  • Obsessão e perispírito;
  • Obsessão e vampirismo;
  • Obsessão em templo religiosos (sono provocado);
  • Obsessão entre encarnados;
  • Obsessão logo após a desencarnação;
  • Obsessão por inveja;
  • Obsessão reciprocamente entre desencarnados (imantação mental);
  • Obsessão reciprocamente entre encarnados e desencarnados;(13)

 Ufa!  Perdí a respiração!   A lista não termina nunca !  

Auto-obsessão, delírio psíquico, demônios e demonismo, dupla personalidade, enxertia mental, epilepsia, Espíritos endemoninhados, hipnose, imantação mental, infecções fluídicas, licantropia, magia negra, obsessão e mediunidade, operações magnéticas, parasitas, ovóides, possessão, simbiose espiritual, vampirismo espiritual, etc.
 Chega! Não caberia mesmo neste artigo, a relação completa, de todos os variados tipos de obsessão relatados na literatura espírita.

Agora que você já leu este artigo até aqui, faça uma pausa. Prepare-se pela prece, e faça a sua reflexão íntima. Utilize da razão, bom senso, análise crítica imparcial e despretensiosa. Analise com a coragem daqueles que buscam a verdade, ainda que essa verdade possa lhes doer profundamente no coração. E responda a si mesmo.

Será que aqueles que acham que tudo é obsessão são neuróticos? São fanáticos religiosos? Precisam é de um bom tratamento?  Ou será que a pior de todas as obsessões, é aquela que objetiva manter as pessoas na ignorância do que é, realmente, obsessão? É aquela que, mantendo as pessoas ignorantes, sobre a realidade dos processos de influenciação espiritual constante pelo pensamento, as mantém longe do diagnóstico, do tratamento e da cura das obsessões?  Ou será, que a pior de todas as obsessões, é aquela que introduz formas de pensar que conduzem á raciocínios e conclusões dogmáticos, místicos, superficiais e pessoais, mantendo, propositadamente, o ser humano na ignorância das Leis de Deus e criando, assim, um campo fértil para os obsessores atuarem livremente? 

“A quem muito foi dado muito será pedido” asseverou o Divino Mestre. Há uma relação de proporção, entre o muito de conhecimento que recebemos e o muito de conhecimentos que seremos cobrados em nossas atuações. Será que já não recebemos extensas e intensas orientações espirituais, sobre vários tipos de obsessão? Será que o conhecimento das obsessões é um assunto misterioso dentro da doutrina espírita? Será, que o conhecimento espírita, trazido pelo estudo aprofundado ainda não frutificou em nós, trazendo a conscientização dessa realidade?

Todos nós erramos. É natural, pois somos Espíritos imperfeitos em estado de evolução contínua, mas, errar com conhecimento de causa, é uma falta gravíssima perante as Leis de Deus.
Nesse sentido, Emmanuel respondeu sabiamente, quando questionado sobre um importantíssimo ensinamento do Divino Mestre Jesus.

 “303 – Qual o sentido do ensinamento evangélico: - “Todos os pecados ser-vos-ão perdoados, menos os que cometerdes conta o Espírito Santo?”.

- A aquisição do conhecimento espiritual, com a perfeita noção de nossos deveres, desperta em nosso íntimo a centelha do espírito divino, que se encontra no âmago de todas as criaturas.

Nesse instante, descerra-se à nossa visão profunda o santuário da luz de Deus, dentro de nós mesmos, consolidando e orientando as nossas mais legítimas noções de responsabilidade na vida. Enquanto o homem se desvia ou fraqueja, distante dessa iluminação, seu erro justifica-se, de alguma sorte, pela ignorância ou pela cegueira. Todavia, a falta cometida com a plena consciência do dever, depois da bênção do conhecimento interior, guardada no coração e no raciocínio, essa significa o “pecado contra o Espírito Santo”, porque a alma humana estará, então, contra si mesma, repudiando as suas divinas possibilidades.

É lógico, portanto, que esses erros são os mais graves da vida, porque consistem no desprezo dos homens pela expressão de Deus, que habita neles.” (14)

Para encerrar, faço apenas só mais uma pequena pergunta.
Será que tudo é obsessão?

Victor Manoel Ventura Seco é estudante da Doutrina Espírita há aproximadamente duas décadas, tendo freqüentado diversas casas espíritas na cidade de São Paulo. É colaborador do site www.espiritismoemdebate.com.br

(1) ESE - Allan Kardec - Cap. 28 item 81- “Prece pelos Obsidiados” - Edição FEB – 115ª Edição;
(2) “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec - Pergunta 122 a e b - Edição FEB –76ª Edição;
(3) “O Livro dos Médiuns” – Allan Kardec - Cap. 22 – item 236 - Edição FEB –76ª Edição;
(4) Livro “Seara dos Médiuns” – Emmanuel - “Obsessão e Jesus” pag. 59 - Edição FEB –6ª Edição;
(5) Livro “Seara dos Médiuns” – Emmanuel - “Obsessão e Jesus” pag. 60 - Edição FEB –6ª Edição;
(6) Livro “Desobsessão” – André Luiz - Cap. 64 - “Benefícios da Desobsessão” pag. 222 - Edição FEB – 15ª Edição;
(7) Livro “Opinião Espírita” – André Luiz - Lição 15 - “Ao médium doutrinador” pag. 63 - Edição FEB – 9ª Edição;
(8) Livro “Pão Nosso” – Emmanuel - Lição 101 - “Resiste á Tentação” pag. 213 - Edição FEB – 16ª Edição;
(9) Livro “Justiça Divina” – Emmanuel - Capítulo “Desligamento do Mal” pag. 102 - Edição FEB – 9ª Edição;
(10) “O Livro dos Médiuns”  – Allan Kardec - Cap. 23 – item 237 - Edição FEB –76ª Edição;
(11) Livro “Desobsessão” – André Luiz - Introdução - “ Desobsessão” pag. 19 - Edição FEB – 15ª Edição;
(12) Livro “Seara dos Médiuns” – Emmanuel - “Obsessão e Evangelho” pag. 181 - Edição FEB –6ª Edição;
(13) Livro “Prontuário de André Luiz” – Ney da Silva Pinheiro -  pags. 116 e 117 - Edição Instituto de Difusão Espírita –2ª Edição;
(14) Livro “O Consolador” – Emmanuel -  pags. 177 e 178 - Edição FEB – 11ª Edição;
(15) Livro “Libertação” – André Luiz - Lição 09 - “Perseguidores Invisíveis” pag. 114 e 115 - Edição FEB – 14ª Edição;

LE – Abreviatura de “O Livro dos Espíritos” - Edição FEB –76ª Edição; Nas citações acima onde aparece LE seguido de um número, este é a indicação no número da pergunta de “O Livro dos Espíritos” citada.

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