O MOVIMENTO ESPÍRITA EM PORTUGAL

Fernando Lobo dos Santos
Centro de Estudos Espíritas Allan Kardec
Coimbra – Portugal
E-mail - [email protected]

Apesar do início do Séc. XX se ter caracterizado pelas lutas políticas que levaram à implantação da República e à separação da Igreja do Estado e do ressurgimento da consciência católica em oposição ao materialismo, ateísmo e positivismo, Portugal tinha no seu seio, espíritos aptos à assimilação da Luz que vinha de França.

A nova realidade Espiritual, codificada por Allan Kardec, difundida pelo “Pentateuco Kardequiano” atingiu, em Portugal, algumas criaturas, não só as dotadas de faculdades mediúnicas, mas também outras de elevada craveira moral que viam na nova Doutrina o respaldo para as suas idéias pessoais de transformação do Mundo, para melhor. Sem ser um movimento organizado, pessoas como os Dr. Sousa Couto e Dr. Gilberto Marques procuram difundir o Espiritismo, mantendo contactos com Associações Estrangeiras. O 1º Congresso Espírita Português só se verificaria entre 15 e 18 de Maio de 1925, cuja principal finalidade era levar à fundação da FEP (Federação Espírita Portuguesa) que ocorreu em 31 de Julho de 1926.

Foi entre este ano e o de 1935 que Portugal foi um dos maiores divulgadores da Doutrina dos Espíritos, apesar das variadas dificuldades impostas pelo meio sócio-religioso bem como o escasso número de trabalhadores dedicados.

Não podendo nomear todos os incansáveis pioneiros, referimos alguns como o escritor Dr Acácio Martins Velho, o médium Fernando Lacerda, o matemático e cientista Dr António Lobo Vilela, os médicos Dra. Amélia Cardia e Dr. António Joaquim Freire, a investigadora D. Madalena Frondoni Lacombe que de modo admirável e perseverante elevavam o nome do “Consolador Prometido”.

O regime ditatorial imposto pelo Dr. Oliveira Salazar e a ação policial da PIDE (Polícia Política) veio criar ainda maiores embaraços ao regular funcionamento da FEP e suas Comissões Concelhias, levando mesmo à sua suspensão coerciva com selagem das instalações e todos os seus bens confiscados e revertidos a favor da Casa Pia de Lisboa. Apesar de legalmente constituída e com Estatutos superiormente aprovados foi considerada uma “Associação Secreta”.

Mesmo espoliados dos bens materiais, os espíritas portugueses mantiveram as atividades em grupos familiares, chegando mesmo a convidar Divaldo Pereira Franco a vir a terras Lusas, iniciando em 27 de Junho de 1962 uma série de conferências e palestras em várias localidades.

Só em 1974, após a queda da Ditadura, pela mão de Isidoro Duarte Santos, Casimiro Duarte, Eduardo Matos, D. Maria Raquel Duarte Santos, Lima Rodrigues e tantos outros, renasce o Movimento e a expectativa da devolução do seu vasto patrimônio, o que, não ocorreu até aos dias de hoje, sendo vãos, todos os empenhados esforços dirigidos, como recursos, ao poder Judicial.

Reestruturada a FEP, desde então, hoje com 64 Associações federadas, de norte a sul do país, obedientes aos postulados da Doutrina Espírita, estudam, divulgam e atendem fraternalmente todos quantos as buscam, quer por dedicação e amor, quer carregando na alma ou no corpo a dor dilacerante que apenas o Espiritismo explica, ensina a aceitar com resignação e melhor do que tudo, mostrando que toda a dor é bênção.

Cônscios do quanto devemos à coragem dos pioneiros do passado que sofreram humilhações e angústias para nos passarem “o testemunho” sentimos a responsabilidade do presente, com a quota-parte do trabalho individual, necessário para a transformação do orbe Terra para Planeta de Regeneração. Seja pois este Século o início da “ERA DA LUZ”.

Direitos Solidários - Permitida a reprodução desde que citada a fonte - Espiritismo em Debate®


<<< Voltar para a página artigos